Employer Branding do app Zé Delivery acredita que mulheres negras podem ajudar a compreender quando empresas falam em diversidade apenas por motivações financeiras

Giullia Hartvite*

É possível saber quando uma empresa aposta na diversidade apenas para lucrar? Para Leila Evelyn, Employer Branding do app Zé Delivery, a resposta é sim. “As coisas têm estado cada vez mais diferentes. Quando eu vejo uma marca que não se preocupa com diversidade – ou só se preocupa para vender – fica muito nítido”, disse ela durante a terceira edição do Afro Presença, evento realizado na metade de setembro pela startup Negras Plurais e coordenado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT).

Para Evelyn, que também é diretora de Relações Públicas da consultoria OPreta, o próprio papel das mulheres negras que atuam com comunicação é perceber quando as empresas em que trabalham não são verdadeiramente diversas. “Estamos cada vez mais exigentes. Meu trabalho enquanto alguém que atua em uma marca empregadora é reforçar o que há de positivo para eu queira ocupar esse espaço”, continuou.

Leila Evelyn foi uma das participantes de uma mesa sobre diversidade no mercado de comunicação do Afro Presença, mediada pela atriz e diretora teatral Lena Roque e com as presenças de Luiz Felipe Sá (responsável pela agenda de Negritudes na área de Responsabilidade Social da Globo e colaborador do grupo étnico-racial Globuntu), e pela diretora de moda e influencer Mariana Carvalho.

Se a comunicação é um espaço em que há pluralidades possíveis, o mesmo não se pode dizer do mundo da moda – como expressou Lena Roque. Para ela, além da falta de diversidade, os padrões de corpo ainda imperam nesse mundo social. “Não existem muitos de mim fazendo o que eu faço: nós somos apenas quatro mulheres dentro do meu nicho de conhecimento, por exemplo”, lembrou.

“A moda não é um espaço inclusivo. Eu falo de um padrão de corpo que ainda tem aceitação nesse mercado de mercado”, seguiu.

Mas nem tudo são más notícias. Para Lena Roque, ao mesmo tempo em que a moda ainda é pouco plural, por outro lado há um movimento jovem que tem conseguido revolucionar o mercado. “A geração Z está começando a criar o seu próprio mercado, sua própria imagem e a sua própria forma de se comunicar. Eles estão mexendo com dinheiro, de forma que, se as empresas não se relacionarem com eles, vão perder em uma área cujo impacto é muito grande”.

Na mesma linha, mas abordando o consumo de mídia, Felipe Sá abordou a relevância que existe em assistir uma peça de dramaturgia na televisão aberta e ver pessoas negras ocupando espaços do outro lado da tela.

“A importância é falar com a majoritária população brasileira, que representa 55% da população. São mais ou menos 115 milhões de habitantes”, disse, antes de continuar. “Se o Brasil preto e pardo fosse um país, teria entre a décima segunda e a décima terceira população mundial. É importante que essas pessoas se vejam representadas ali”.

O Afro Presença aconteceu entre os dias 15 e 16 de setembro, em São Paulo com transmissão ao vivo no Youtube. Com uma vasta programação, o encontro contou com conversas variadas entre patrocinadores das maiores empresas do país, além de capacitação com empresas de RH e mural de vagas de estágios. O conteúdo está todo disponível na plataforma.

*Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM sob a supervisão de Maria Lúcia e Wiliam Pianco, professores do curso de Jornalismo da FMU/FIAM-FAAM.