Jornalista da TV Record contou, durante o Afro Presença de 2022, sobre sua experiência como correspondente internacional na África do Sul

Giullia Hartvite*

O jornalista Luiz Fara Monteiro, da TV Record, aponta que trabalhar na bancada de um telejornal com outros dois apresentadores negros é um “avanço extraordinário” para a televisão brasileira. Ele é âncora do Jornal da Record – um dos carros-chefes do canal, e já dividiu a mesa de outros programas da casa como a da repórter Mariana Bispo, também negra.

“É claro que precisamos avançar mais, aumentar a visibilidade, mas essas coisas me animam bastante. Elas mostram que estamos no rumo certo”, disse ele na mesa sobre jornalismo e negritude no Afro Presença.

Carioca da Baixada Fluminense, ele mantém no portal R7 um blog de aviação – fruto de um sonho de criança em ser piloto de aeronaves. Ele também contou sobre seu primeiro emprego como radialista e os dois anos em que morou na África do Sul, como correspondente internacional da Record.

“Me encantou muito viver em num país em 80% da população é negra. Conviver com sul-africanos e perceber que existiam médicos, advogados, engenheiros, juízes e pessoas ocupando o primeiro escalão do Governo que eram negras”, conta ele.

“Esse tipo de coisa que a gente não via no Brasil. Nunca olhei para o lado no trânsito em uma cidade brasileira e vi uma senhora negra dirigindo um carro de primeira linha. Na África do Sul eu vi”, relembrou Monteiro.

Monteiro contou como era possível perceber como, mesmo recém-saído de um regime de Apartheid, a África do Sul tinha logrado equilíbrio social, garantindo educação e formando profissionais conceituados.

Após falar sobre a cobertura da Copa do Mundo de 2010, sediada no país, o jornalista da Record TV lembra, com orgulho, de sua reportagem preferida: a eleição presidencial sul-africana de 2009, quando ficou a  metros de distância do ex-presidente e Nobel da Paz, Nelson Mandela.

“Eu consegui gravar uma passagem – aquele momento da reportagem de televisão em que o repórter aparece dizendo o texto –, microfone na mão, e o Mandela a cinco metros de mim, votando para a presidência. Foi uma experiência muito marcante para mim”.

Por fim, Monteiro deixou uma lição aos jornalistas negros recém-formados: a importância de não se prender à cor da pele. “O que vai trazer oportunidades é o conhecimento e o interesse em aprender”, encerrou.

O Afro Presença aconteceu entre os dias 15 e 16 de setembro, em São Paulo com transmissão ao vivo no Youtube. Com uma vasta programação, o encontro contou com conversas variadas entre patrocinadores das maiores empresas do país, além de capacitação com empresas de RH e mural de vagas de estágios. O conteúdo está todo disponível na plataforma.

*Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM sob a supervisão de Maria Lúcia e Wiliam Pianco, professores do curso de Jornalismo da FMU/FIAM-FAAM.