A Vai Vai e o candomblé: uma relação de proximidade e de valorização da cultura negra
Em mesa do mês da Consciência Negra do NERA, jornalista Cláudia Alexandre conta história da escola de samba de São Paulo com religiões de matriz africana
Davi Ribeiro*
O que a tradicional escola de samba paulistana Vai Vai tem a ver com o candomblé? Para a jornalista e cientista social Cláudia Alexandre, a resposta é: tudo. Ela explicou isso em detalhes na conversa que teve com a professora Maria Lúcia Silva, da FMU, em uma das mesas do mês da Consciência Negra, com uma programação especial do Núcleo de Estudos Étnico-Raciais (NERA) da faculdade.
Cláudia contou que a história da escola de samba esteve ligada desde o início à religiosidade negra – e por isso foi tão importante para a comunidade à época.
Em um contexto de racismo religioso e de impedimento de muitas práticas das religiões de matriz africana, ela apontou o impacto que as escolas ainda têm em apresentar enredos ligados às divindades africanas na festa do carnaval.
“O debate aberto pelas escolas de samba, que são territórios políticos e dão vozes a questões de desigualdade, é muito importante. Ainda bem que a religiosidade entrou na pauta”, disse ela.
Além de jornalista, Cláudia Alexandre fez mestrado, doutorado e especialização em Ciência da Religião na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Para ela, a colonização europeia foi responsável por demonizar a religiosidade africana, ao defender por séculos que os negros sequer tinham alma. “É fácil diminuir o que você não compreende, porque é muito complexo. Nós não fomos ensinados a dar valor ao que vem dessa tradição africana”, argumentou.
A jornalista também reforçou a importância das escolas como narrativa da história da escravidão no Brasil. Foi por isso que ela resolveu, inclusive, voltar à academia em 2014, chegando na relação da Vai Vai com a população negra. “Encontrei ali um modelo quase que perfeito para discutir estas permanências”, finalizou.
*Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM sob a supervisão de Maria Lúcia e Wiliam Pianco, professores do curso de Jornalismo da FMU/FIAM-FAAM.