“Não é diversidade que precisamos, mas inclusão”, afirma Suelma Rosa, da Unilever
Diretora de Reputação da empresa defende que equidade de gênero não tira o desafio de tornar o ambiente de negócios do país mais negro
João Carlos Lopes*
“Não é diversidade que precisamos, mas de inclusão”. Foi assim que a diretora de Reputação da Unilever, Suelma Rosa, reagiu à provocação sobre a necessidade de empresas mais diversas durante a mesa em que participou no Afro Presença – evento organizado pela startup Negras Plurais e coordenado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT).
Para ela, isso significa escapar de processos em que os equilíbrios são alcançados parcialmente – o que tem sido chamado há algum tempo de interseccionalidade, isto é, a união de diversos pontos cegos entre as experiências sociais. Suelma cita, por exemplo, a equidade de gênero que sua empresa alcançou, mas o desafio de torná-la também mais negra.
Ainda assim, a diretora se sente orgulhosa com o trabalho que a gigante de produtos cotidianos possui em torno do assunto. “Ela é uma pioneira na preocupação social. Na ideia de que uma empresa não está apartada da estrutura da sociedade, mas que tem impactos de vários âmbitos – principalmente entre seus próprios funcionários”.
Suelma participou da mesa “Raízes profundas para novas sementes dentro de grandes empresas”, ao lado de Simone Coutinho, Líder de Diversidade e Inclusão do banco Santander, e de Daniel Sousa, Coordenador de Equidade, Diversidade e Inclusão da Natura. Na ocasião, ambos aproveitaram para divulgar projetos recentes em torno do assunto.
Coutinho apresentou o plano do banco em distribuir duas mil bolsas de estudos acadêmicos por meio do projeto Santander Universidades, além de seis mil bolsas com certificação da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (AMBIMA), necessária para atuar em organizações do mercado financeiro.
Já Daniel Sousa divulgou o programa de jovem aprendiz da Natura, que tem foco em pessoas negras e em situação de vulnerabilidade financeira, além de um programa de estágio da Avon com cotas raciais.
De fato, propostas como essas se demonstram cada vez mais necessárias. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE), publicada em março e comandada pela pesquisadora Janaína Feijó, mostrou avanço no desemprego das mulheres brasileiras no mercado de trabalho.
Em 2019, 14,4% das mulheres estavam desempregadas, taxa que subiu para 16,5% em 2021. Já entre os homens, era de 10,1% no primeiro ano, chegando a 10,7% em 2021.
O Afro Presença aconteceu entre os dias 15 e 16 de setembro, em São Paulo, com transmissão ao vivo no Youtube. Com uma vasta programação, o encontro contou com conversas variadas entre patrocinadores das maiores empresas do país, além de capacitação com empresas de RH e mural de vagas de estágios. O conteúdo está todo disponível no Youtube.
*Aluno do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM sob a supervisão de Maria Lúcia e Wiliam Pianco, professores do curso de Jornalismo da FMU/FIAM-FAAM.