Representação negra e feminismo

Por Gabriela Barbosa*

Na noite do dia 12 de março aconteceu na livraria Taperá, localizada no centro de São Paulo, um debate com o tema: Feminismo e representação negra, juntamente com o lançamento do livro Olhares negros: raça e representação, da escritora Bell Hooks, com mediação da assistente social Camilla Dias Domingues.

Com a participação de Rosane Borges, Marilea Almeida e Natália Neris, o debate teve início com a leitura de um trecho do prefácio do livro. “Gostaria que esse livro não fosse relevante na atualidade, pois se assim fosse uma significativa revolução de valores já teria acontecido em nossa sociedade“.

A primeira questão a ser colocada pela debatedora Camilla Domingues foi “podemos afirmar que houve uma mudança de valores e na representação da negritude nas grandes mídias?”.

Em seguida, as participantes falaram sobre a importância de ver os livros de feministas negras não só como objeto de consumo, mas também como objeto de partilha, pois as ideias dessas autoras são revolucionárias e transformadoras.  “Precisamos produzir novas imagens sobre nós mesmos para transformar o modo como as pessoas nos vem”, disse Natália Neris.

Outro tema abordado foi sobre como a população negra se vê nas grandes mídias, ou seja, como filmes, séries e programas de televisão ainda reforçam estereótipos quando, por exemplo, colocam homens negros como criminosos e mulheres negras como empregadas domésticas ou sexualizadas.

 

Olhares negros, raça e representação

Na coletânea de ensaios críticos reunidos em Olhares negros, Bell Hooks discute a respeito de formas alternativas de observar a negritude, a subjetividade das pessoas negras e a branquitude. Ela foca no espectador — em especial, no modo como a experiência da negritude e das pessoas negras surge na literatura, na música, na televisão e, sobretudo, no cinema —, e seu objetivo é criar uma intervenção radical na forma como nós falamos de raça e representação. Em suas palavras, “os ensaios de Olhares negros se destinam a desafiar e inquietar, a subverter e serem disruptivos”.

 

*Aluna do quarto semestre do curso de Jornalismo e Monitora do NERA.