Pandemia, ansiedade e TCC definitivamente não combinam

Tâmara Santos

“Durante os três anos que antecederam ao ano final do curso de jornalismo, o qual eu cursei, eu passava mal só de imaginar como seria o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).  Lembro-me de alguns trabalhos que realizei para evoluir de semestre que foram tão cheios de exigências e fases…só conseguia imaginar que o TCC seria bem pior, mas não foi. Não mesmo.   

O fato de ter levado todo o estudo bem a sério, de ter me comprometido com as atividades e a proximidade com os professores, foram fatores positivos para conseguir fazer bem o trabalho e sem sofrimentos.

Outro fator que influenciou de maneira positiva foi ter feito Iniciação Científica. Com o projeto “A conexão entre sociedade e arte no discurso do rap” pude aprender como fazer pesquisas e artigos acadêmicos e isso, me ajudou bastante. O que não ajudou em nada e que trouxe muita insegurança foi a pandemia. 

O trabalho

Durante os anos de estudo fui desenvolvendo o meu interesse sobre o rap e o seu discurso. Quando cheguei ao último ano, o mais difícil foi lidar com o fato de não ter autorização para fazer um documentário sozinha ou trabalhar com um tema que não gostava com amigos. Assim, para continuar com o tema optei por fazer um livro-reportagem. 

Hoje, após o trabalho concluído, acredito que ficar com o meu tema e abandonar o formato foi a melhor escolha. Bom, acredito que já deu para perceber que sou ansiosa e entre o quarto e o quinto semestre, escolhi minha orientadora. Pensei em alguém que fosse me provocar a ponto de querer sempre fazer o meu melhor e escolhi a Carla Tôzo. Outra decisão acertada porque formamos um bom time e não tivemos problemas com os prazos e entregas. 

Com a orientadora, o tema e o formato fechado, faltava apenas o tipo de livro. Esse foi mais complicado e me rendeu algumas críticas da banca. Eu sempre quis fazer algo com o formato literário e me aproximar dos temas que gosto tanto, porém, não sei escrever um verso que traga algo lírico ou poético. A Carla me orientou a ir para a narração, a não olhar o livro inteiro (atacava a minha ansiedade) e trabalhar por capítulos. 

Busca pelas fontes

Com um mês para o semestre começar, eu já estava disparando os e-mails para conseguir as minhas fontes. Com o livro roteirizado, sabendo o caminho que gostaria de percorrer e com as fontes definidas, foi fácil andar sozinha. Ah! Quase todo mundo odeia ou não quer ir para  assessoria de imprensa, mas sabe quem tem contatos? Nós! Não foi difícil chegar às pessoas e, assim eu consegui: Unicamp, Jupat, Roger Deff, Roberta Estrela D’Alva, Mc Soffia e Criolo. O meu livro contou também com presenças ilustres, ainda que não sejam famosas, da Edilaine Felix, da Carol Thiere, Wagner Titto e do Matheus Mazza que foram personagens de suma importância para contar a minha história. 

Acredito que de tudo, o mais difícil foi lidar com a insegurança – que foi totalmente acentuada com a pandemia – algumas vezes, ainda que tenha enviado o livro antes do prazo, não conseguia nem dormir. Depois do projeto entregue, não gostava nem de lembrar e tudo que pensava era negativo. Acredito que se estivesse presencialmente, com os meus professores e colegas, não me sentiria assim. O fato de ter uma piada entre uma ansiedade e outra, de ter uma conversa de corredor, me traria mais tranquilidade. 

Crédito: Henrique Santos (Qdoporque)

Criolo é o responsável por despertar o interesse da autora pelo RAP ao ver um professor do cursinho pré-vestibular com uma camiseta do artista. Aquela imagem ficou na sua cabeça e a fez procurar por “homem – nuvem – olhos / pesquisar” no Google que a guiou até a música Ainda há tempo

O dia da banca chegou, e eu, que jurava que estaria de salto e toda linda, estava bem longe disso! Mas nos primeiros apontamentos da banca, eu era outra pessoa, como uma mãe eu diria. Defendi meu filho com unhas e dentes, respeitei, mas nem sempre concordei e terminei a minha tão suada e de desejada graduação como eu queria, com o dez.”


Jornalista formada pela FIAM-FAAM. Atualmente, trabalha como assessora de comunicação na área da saúde e atua como repórter no Portal Emformação. Moradora da Cidade Tiradentes, extremo leste de São Paulo, traz no seu texto a inclusão das minorias buscando promover diversidade e representatividade.