O cinema negro africano de Flora Gomes
Pesquisadora Jusciele Oliveira debate sobre as obras do premiado cineasta de Guiné-Bissau
Alan Felipe Martins Durães*
As obras do premiado cineasta de Guiné-Bissau Flora Gomes (Florentino Gomes) foi tema de debate em mais uma mesa do Mês da Consciência Negra da FMU-FIAMFAM, que contou com a participação da doutora em comunicação e artes Jusciele Oliveira, que desenvolve pesquisas sobre cinema africano, em uma conversa mediada pelos professores da instituição Maria Lúcia da Silva e Thiago Venanzoni.
O cineasta Flora Gomes foi o primeiro africano negro a escrever um livro sobre os cinema africano, em 1975. Em 1988, ele lançou seu primeiro longa-metragem de ficção, Mortu Nega, filme utilizado até os dias atuais para narrar e contar a história das lutas de independência do continente africano e também de questões e dilemas que envolvem o pós-independência na Guiné-Bissau na década de 1980.
Durante a conversa, Jusciele relatou sobre a dificuldade que os pesquisadores têm para acessar algumas obras do cineasta, uma vez que algumas não têm tradução para o nosso idioma, além disso, por conta de direitos autorais, os seus filmes às vezes são removidos da internet. Por isso, o trabalho é realizado a partir de conexões com as pessoas que organizam festivais, ou até mesmo, acabam tendo de entrar em contato com o próprio cineasta.
A pesquisadora revela que Flora Gomes discute em suas obras temas como a relação do homem com a sua espiritualidade, o ambiente em que vive, além da crítica às questões que envolvem o mundo e o governo do seu país. A trilha sonora das obras do cineasta também deve ser ressaltada, segundo Jusciele, uma vez que eram músicas de artistas africanos; e os planos de imagens, geralmente em primeiros plano, para que espectador se sentisse incluído.
Os filmes de Flora Gomes estão sempre ousando, seja através da escolha do gênero, da discussão, da proposta temática ou da proposta estética presentes. Nas obras dele, o que se vê são tradições e modernidades, transpondo fronteiras e barreiras culturais e geográficas.
*Aluno do 6º semestre do curso de Jornalismo