Negros no Telejornalismo – As estratégias dos estudantes de jornalismo para acessar o mercado de trabalho televisivo
Por Priscila de Oliveira
O Brasil tem a maior população negra fora da África cerca de 86 milhões, segundo Ministério das Relações Exteriores (MRE). E a falta de representatividade do negro no telejornalismo nacional mostra quanto o racismo é estrutural e fere o princípio de que todos devem ter as mesmas oportunidades.
A cota nas universidades tem ajudado a aumentar a quantidade de negros no mercado de trabalho, mas mesmo com o incentivo em várias áreas de atuação é notória a falta de negros na televisão brasileira em especial nos telejornais. E o questionamento para essa falta de representatividade nos telejornais é feito a partir da visão dos estudantes de jornalismo, sendo eles os maiores afetados nessa estrutura, pois se formar em jornalismo sabendo que o racismo estrutural pode barrar a entrada deles nos telejornais brasileiros.
E para entender todo esse ambiente de como os estudantes negros de jornalismo, sentem sua representatividade nos telejornais dos veiculados no Brasil, utilizei como método de pesquisa em uma monografia descritiva e exploratória, com levantamento bibliográfico, analise de conteúdo das entrevistas realizadas com estudantes de jornalismo sob a orientação da professora Dra. Maria Lúcia da Silva.
E a percepção que tive com as entrevistas é que os estudantes tem consciência da falta de negros nos telejornais, que a representatividade pode incentiva-los a se formar, porém eles ainda não se veem nas emissoras, eles apenas buscam se formar, mas sem a perspectiva de concorrer a vagas nos telejornais, pois sentem que o racismo ainda é forte para que eles possam estar lá.
São poucos os jornalistas negros dentro das redações e tudo faz parte do racismo estrutural, as vagas são reservadas aos brancos da elite são cargos e oportunidade que se ganha por indicação onde no âmbito profissional não se é feita a seleção natural, e apenas indicação dentro das redações. O preconceito acontece com os estudantes antes mesmo de entrar nas emissoras, o racismo direto ou indireto.
O racismo na sociedade como um todo, está no discurso da elite ao discriminar os moradores de favelas e comunidades, mas também como os meios de comunicação sempre pauta, que quem mora em comunidades são pessoas negras e mal educadas. A representação dos negros pelos meios de comunicação é o que faz a sociedade se manter discriminando. Esse estudo resultou na compreensão que de fato é preciso se manter atento a cada investida do racismo, a cada movimento elitista que deseja manter os negros longe dos meios de comunicação e sempre como das pautas que identificam os males da nossa sociedade contemporânea. Reforçando o papel do negro em todas as áreas da nossa sociedade e principalmente dentro dos meios de comunicação televisivos por sua visibilidade. Proporcionando representatividade para o telespectador, também com potencial para contribuir para as dinâmicas sociais da população.
Revisando as literaturas sobre racismo, desigualdade racial, é possível perceber o quanto eles são latentes em nossa sociedade. Diferenças perspectivas de diversos autores trouxe embasamento para questão de exclusão dos negros e a importância que as ações afirmativas e movimentos negros têm ao logo da historia do Brasil desde colônia até os dias atuais.
Conforme a opinião dos autores é possível perceber os fatos que ocorrem em nossa sociedade como a discriminação racial e o preconceito. Permitindo analisar a representatividade nos telejornais e a falta de negros em cargos importantes nos meios de comunicação. Os diversos textos comentados deixam claro que a representatividade negra nos telejornais é pouca e que os jovens, jornalistas e radialistas, precisam de referencias para se sentir incentivados na profissão. Os que estão lá dentro precisam se manter ativos e lutar contra qualquer discriminação, sabendo que não existe de fato a democracia racial que os brasileiros têm em mente.