Ferramenta avalia acessibilidade de sites e portais
Com base em sistema do Ministério do Planejamento e em protocolos internacionais Prefeitura de São Paulo cria método inovador para certificar páginas web
Texto: Renato Barbato [1]
Fotos: Simony Maia [2]
Desde o final da década de 1960 com o surgimento da internet, a comunicação e a troca de conhecimento sofreram profundas transformações. O papel e a caneta perdem cada vez mais espaço para teclados virtuais e mensagens de áudio. As informações são transferidas a uma velocidade espantosa que coloca qualquer telex como peça decorativa de museu. Nesse planeta cibernético as pessoas com deficiência visual e auditiva buscam seu espaço e precisam de sites amigáveis para navegação.
Com a intenção de resolver esse problema, a Prefeitura do Município de São Paulo lançou em 17 de maio de 2018 O Selo de acessibilidade Digital. Desenvolvido pela Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida – SMPED, ele tem por objetivo verificar e certificar a usabilidade e navegabilidade das páginas da internet, por meio de varredura digital nos códigos html com a ferramenta Ases Web, baseada nos critérios de acessibilidade internacional do World Wide Web Consortium – W3C, para que os sites se tornem mais acessíveis e inclusivos para todas as pessoas, independente de suas condições sensoriais ou cognitivas.
A coordenadora de acessibilidade da SMPED e engenheira de computação, Fabíola Calixto de Souza, esclarece que a concessão do selo não beneficia apenas as pessoas com algum tipo de deficiência, mas os idosos que já não tem a mesma percepção visual e motora, como também analfabetos funcionais. “Eu, por exemplo, não tenho nenhuma deficiência visual, mas se estou numa praia com meu celular, preciso de um contraste diferenciado na tela, então eu preciso de acessibilidade. Por isso nós falamos que a acessibilidade beneficia todo mundo”.
O analista de sistemas Sidnei Tobias de Souza esclarece que “segundo a Lei Brasileira de Inclusão – LBI, todos os sites e portais com sede ou filiais no Brasil tem que ser acessíveis, inclusive demonstrando essa condição com um ícone fixado em local visível”. Sidnei que também é consultor em acessibilidade digital disse que para o site ser considerado acessível é preciso passar por um check-list com 57 questões e todas ter resposta positiva.
Pioneiro no mundo com essa configuração de avaliação, os técnicos preveem muito trabalho, já que segundo levantamento dos profissionais, aproximadamente 95% dos sites e portais não possuem as condições de aderência para ser considerado acessível. Fabíola destaca o trabalho contínuo de monitoramento para garantir que a página continue dentro dos padrões estabelecidos em futuras alterações efetuadas por desenvolvedores.
O próximo passo será avaliar e certificar aplicativos. “Hoje a gente pega táxi, solicita entrega de refeição, utiliza serviços bancários, tudo por aplicativo. Então agora estamos trabalhando em uma metodologia para avaliar essas ferramentas”, finaliza Sidnei.
[1] Aluno do segundo semestre de jornalismo e monitor do NERA.
[2] Aluna do primeiro semestre de jornalismo e monitora do NERA.