Evento Afro Presença trouxe para discussão o legado e a importância dos vinte anos da Conferência de Durban

Expositores usaram também o espaço para falar sobre os avanços e desafios atuais para a população negra

Mariana Siqueira*

O Afro Presença é o maior evento de empregabilidade negra de toda a América Latina e surgiu através do Projeto Nacional de Inclusão de Jovens Negras e Negros Universitários no Mercado de Trabalho promovido pelo Ministério Público do Trabalho. A edição deste ano contou com três dias de palestras e uma das pautas abordadas dentro da programação do painel de Sociedade em Debate foi a importância e o legado da Conferência de Durban, que completou seus 20 anos.

            Os participantes e expositores convidados para essa mesa foram: Valter Silvério Ribeiro (Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos), Edna Maria Santos Roland (Relatora Geral da III Conferência de Durban), Rute Reis (Professora e Diretora de escola pública), Maria Sylvia de Oliveira (Coordenadora de Política de Promoção de Igualdade de Gênero e Raça) e Iêda Leal (Coordenadora Nacional do Movimento Negro Unificado).

Mesa de discussão sobre “Durban 20 anos” durante o evento do Afro Presença (Foto/Captura de Tela: Afro Presença)

Edna Roland fez um breve resumo sobre a Conferência, que ocorreu entre os dias 31 de agosto e 8 de setembro de 2001 na cidade de Durban, na África do Sul, e foi considerada a terceira Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e a Intolerância. Organizada pela ONU, os objetivos gerais eram estabelecer uma declaração e ações que reparassem a dívida histórica com o povo negro e também uma agenda destinada a combater práticas racistas e desigualdades raciais.

Durante o debate, que durou cerca de uma hora, todos os expositores tiveram a oportunidade de expressarem suas opiniões sobre os avanços que a conferência de Durban trouxe para a população negra, e principalmente aqui no Brasil as transformações que foram possíveis de acontecer graças a declaração, como por exemplo, a criação de ações afirmativas no âmbito da Educação e de políticas Legislativas no país.

A professora Rute Reis reforçou que um dos legados deixados após a Conferência de Durban foi a introjeção de que é possível a mudança e que a luta deve continuar com as novas gerações.

Para Iêda Leal, um dos principais desafios encontrados no Brasil dentro deste contexto é lidar com o governo atual, que deixa claro não gostar desses temas e os vê como irrelevantes para a população, fazendo com que, atualmente seja mais difícil a implementação de políticas específicas de caráter étnico-racial e de gênero.

Por isso, apesar dos progressos e direitos conquistados nos últimos anos, Maria Sylvia afirma que ainda há um longo caminho a ser percorrido em direção a reparação. “Por mais que tenhamos avançado em algumas pautas, o Estado brasileiro continua a dever para a população negra, quando a gente pensa no que temos no plano de ação e declaração de Durban”,diz.

Para ter acesso a plataforma do evento e as outras palestras que aconteceram na edição deste ano acesse: https://afropresenca.com.br

*Aluna do 4º semestre do curso de Jornalismo.