Como combater o racismo é tema do segundo encontro do NERA

Mariana Martin Siqueira*

Na última terça-feira (14) aconteceu o segundo encontro (remotamente) do Núcleo de Estudos Étnicos Raciais (NERA) em que foram apresentados alguns conceitos de extrema importância para a percepção do que eles representam e quais são suas relações na hora de combater o racismo.

A conversa que foi mediada pela professora Maria Lúcia, durou cerca de uma hora e contou com a participação de alunos, ex-alunos e estagiários que estavam cobrindo o evento.

A discussão teve início a partir do trecho retirado da contracapa do livro “A luta contra o racismo no Brasil” em que Paulino de Jesus Francisco Cardoso (Professor de História da Udesc) escreve sobre a transformação do racismo em um “fenômeno estruturalmente que permitiu a superação da escravidão enquanto forma de organização do trabalho e dominação política, sem romper com as hierarquias sociais dela oriundos”, fazendo com que o status, prestígio e poder sejam distribuídos de forma desigual.

Os primeiros conceitos apresentados foram os de etnocentrismo e intolerância. O primeiro se refere a um patamar de superioridade de um grupo sobre o outro, a partir de diversos fatores que geram estereótipos e preconceitos. Já a intolerância seria a dificuldade de aceitar o diferente, seja em relação a práticas, crenças ou opiniões alheias, resultando muitas vezes em violências.

Em seguida, foi trazida para discussão a definição de discriminação racial, que seria qualquer comportamento de distinção, exclusão, restrição ou preferência por determinada raça, cor, ascendência, origem nacional ou étnica. Dentro desse contexto, a Professora Maria Lúcia, exemplificou uma experiência que teve em sala de aula com uma aluna e a importância dos professores serem peças chaves na hora de combater práticas racistas e demonstrar apoio às pessoas vítimas de discriminação.

Os outros dois próximos conceitos são os de preconceito racial quando ocorre a discriminação de uma etnia ou cultura por achá-la inferior ou incapaz, e a de etnia que se refere a um grupo que compartilha do mesmo ancestral, mesma língua, mesma religião e reside no mesmo território geográfico.

O último conceito explicado foi o do racismo, que pode ser definido como a discriminação e o preconceito contra um indivíduo ou grupo devido a sua cor ou etnia e pode ser considerado um fenômeno dinâmico que se renova e se reestrutura conforme as conjunturas históricas e os interesses dos grupos.

Capa da apresentação da professora Maria Lúcia

Dentro do racismo ainda existe o do tipo institucional, que ocorre em empresas, universidades e órgãos públicos ou privados, como por exemplo, o caso de João Alberto Silveira Freitas que foi espancado até a morte no supermercado Carrefour em Porto Alegre. Também existe o racismo estrutural, que seria a formalização de um conjunto de práticas institucionais, históricas, culturais e interpessoais dentro da sociedade e ela passa a ser estruturada de maneira a excluir minorias da participação de instituições sociais.

            O encontro foi encerrado com uma fala da Professora Neusa Santos Souza, retirada do livro “Tornar-se Negro”, em que ela escreve como é difícil entender a dimensão do que é ser negro.

*Aluna do 4º semestre do curso de Jornalismo.