Alegria e cultura marcam a 17ª edição da Feira Preta

Texto Renato Barbato [1]

Fotos Simony Maia [2]

Neste domingo (18) começou a 17ª edição da Feira Preta, considerado o maior evento de cultura negra na América Latina. A feira surgiu com o desejo de Adriana Barbosa em se ver representada. Com 40 expositores e um público de aproximadamente 7.000 pessoas, ela aconteceu na Praça Benedito Calixto. Nos anos seguintes se tornou itinerante devido a um abaixo assinado de pessoas do entorno que alegaram não gostar do tipo de cultura exposta. A edição de 2018 é a segunda consecutiva que conta com a correalização da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

A expositora Jessica Vieira produz arte com base em sua visão  do mundo que a rodeia

Expositores e atrações

A ilustradora Jessica Vieira, 26, participa pela primeira vez da feira de produtos e serviços. Autodidata, ela produz arte baseada na visão pessoal de sua etnia. Para expor seus produtos primeiro passou pela “Afrolab”, o ciclo de formação técnica e criativa do evento. “Comecei a produzir em abril desse ano buscando uma identidade. Estava meio perdida e não sabia o que fazer. Também não me via representada e não me sentia importante”, ressaltou a empreendedora que quer espalhar sua arte para todos os públicos. “Ainda não consigo sobreviver dela, mas tenho certeza que aos poucos abrirei meu espaço”, conclui.

Empreendedores expõe seus trabalhos para o           público na Feira de produtos e serviços

Outra atração foi a “Feira Preta LAB” que aconteceu no 1° andar da Praça das Artes. O workshop “Mulheres cuidam de mulheres círculo feminino de empreendedoras” abriu os debates com o apoio da Makeda Cosméticos, empresa especializada em produtos para cabelo crespo. A atriz e bailarina Debora Marçal conduziu a vivência. A atividade foi baseada em trabalhar o corpo com dança, relaxamento e contato pessoal entre as participantes. Segundo Debora a atividade teve como objetivo chamar a atenção das mulheres para seu próprio corpo. “Se olhar com um pouco mais de carinho, delicadeza e perceber que nós precisamos de outras coisas, e não só trabalhar e estudar”, explica.

Inovação

Com seis anos de existência a Makeda Cosméticos é um exemplo de empreendedorismo voltado para o público negro. Com a falta de produtos destinados ao cabelo e pele desse grupo, as irmãs Sheila e Shirlei Makeda desenvolveram xampus e cremes corporais. “A pele negra é um pouco mais ressecada, portanto um produto para ela precisa ter mais ativos vegetais para hidratar mais a pele”, afirma Sheila, CEO da empresa. Ela pontua a importância de troca de experiência com outros empreendedores e a presença maciça de afrodescendentes como fator principal para participar da “Feira Preta”. “Nós estivemos presente em todas as edições desde a criação da Makeda, com exceção do ano passado”, diz a empreendedora. “Nosso próximo passo é investir em marketing para chegar a mais consumidores”, conclui.

[1] É aluno do segundo semestre do curso de Jornalismo e monitor do NERA.

[2] É aluna do primeiro semestre do curso de Jornalismo e monitor do NERA.