A música e o charme presentes da exposição Dona Onete, a Rainha do Carimbó
Samara Chystine
Até 18 de junho de 2023, o Itaú Cultural (IC), em São Paulo, exibe a 58ª edição do programa Ocupação, com uma exposição da cantora paraense, mostrando suas raízes e a importância para cultura popular brasileira
O programa Ocupação, visa homenagear pessoas que foram e são importantes para a cultura brasileira. Nesta edição, Ionete da Silva Gama, ou Dona Onete, tem a sua trajetória narrada em exposição gratuita no Itaú Cultural. Desde a sua atuação dentro da política e da educação, mostrando sua juventude como professora em sua terra natal e a atuação dela na área política, tendo sido assessora de Cultura e filiada ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais, até a construção de sua carreira artística, que começou fora da sala de aula, após sua aposentadoria.
Veja fotos da exposição:
“Importante frisar que Dona Onete só tem esse reconhecimento depois de seus 60 anos, após ter ficado em um casamento abusivo, que a restringia de ser cantora. Ela também traz então, essa importância no aspecto de força da mulher’’, afirma Edson de 32 anos, educador cultural do Itaú. “Hoje com 83 anos, continua fazendo shows e fez alguns aqui no espaço do Itaú Cultural’’.
A paraense traz em sua bagagem a regionalidade, encantos e religiosidade, além de um novo gênero musical criado por ela, o Carimbó Chamegado. Em suas composições, o poder da natureza, misticismo das lendas de Belém, como o boto-cor-de-rosa e o e o cotidiano do povo são os temas principais.
Em contrapartida, a sua devoção ao catolicismo é evidente, tendo em vista que no Belém do Pará, o Círio de Nazaré é uma das maiores festas religiosas do mundo, que acaba sendo distante, por exemplo, da região Sudeste, onde as pessoas não sabem da existência dessa festa, que acontece há mais de 200 anos.
‘’Já vim algumas vezes no Itaú Cultural, acho que é muito legal pensar em uma instituição cultural que está trabalhando com a cultura popular, que muitas vezes é colocada como separada, em um sentido pejorativo de não ter visibilidade e não ser tido como relevante para ser apresentado em um espaço. Principalmente falando de Brasil, um país rico em manifestações culturais e da um pouquinho de tranquilidade no coração como professora de arte, em ver que as instituições estão olhando mais pra isso’’ comenta a professora de artes, Roberta, de 38 anos.
Toda a exposição foi feita sob a perspectiva de Dona Onete em conjunto com seus representantes, que a acompanham desde o início da sua carreira. Com o intuito de falar não somente sobre sua vida, mas também sobre tudo aquilo que compõe a sua arte e que acabou influenciando outros artistas, como Gaby Amarantos e Calypso.
Outro aspecto forte que se pode observar ao longo da exposição, é o geográfico, que traz uma valorização cultural com o Jambu, Treme-Treme e o Tacacá, que são comumente citados em suas canções.
‘’É a primeira vez que eu venho no Itaú Cultural, mas também é a primeira vez que eu venho de férias em São Paulo, então me surpreendi em encontrar uma exposição de uma artista do Belém do Pará, que é a minha cidade, que não é tão grande assim! A gente nunca se depara com a nossa cultura sendo apresentada para outros lugares, então foi uma surpresa muito positiva!’’, diz Carolina, 39 anos, médica veterinária.
O espaço do Itaú Cultural, contém entrada gratuita, com exposições presenciais e virtuais. Se encontra na Avenida Paulista, 149, próximo ao metrô Brigadeiro, com funcionamento de terça a sábado, das 11h às 20h, e aos domingos e feriados, das 11h às 19h.