Palestra sobre Prevenção e Diversidade Sexual encerra evento Corpo, Saúde e Sexualidade
Ana Luiza Antunes [1]
Edilaine Felix [2]
Publicado originalmente no site da AICOM [3]
O último dia do evento que celebra o Dia Internacional da Mulher, realizado pelo Núcleo de Estudos Ético-Raciais (NERA) e o Núcleo de Estudos de Gênero e Sexualidade (NUGE), no Campus Ana Rosa do FIAM-FAAM, recebeu a médica Naila Janilde Seabra Santos para falar sobre a prevenção das IST / DST / HIV / AIDS e Diversidade Sexual. A palestra teve como foco orientar os alunos na prevenção contra as doenças e discutir possíveis dúvidas.
Naila é gerente de Prevenção no Centro de Referência e Tratamento de DST Aids de São Paulo (CRT DST/Aids-SP), coordenado pela Secretaria de Estado de Saúde. Durante o evento “Corpo, Saúde e Sexualidade” ela ressalta a importância da prevenção sexual, além do conhecimento sobre as DST’s e seus tratamentos.
Questionada sobre como o jovem pode se tornar mais ativo na busca por prevenção, a doutora afirma que hoje é necessário dialogar através de uma linguagem mais acessível, que se aproxime dos jovens. “O jovem acredita que isso nunca vai acontecer com ele. Precisamos trabalhar a informação através de uma linguagem muito clara”, e completa dizendo sobre a iniciativa que ela e sua equipe criaram: “Nós temos uma página no Facebook voltada para discutir esses temas através de uma linguagem mais tranquila e que se aproxime do jovem, além do WhatsApp caso a pessoa queira discutir o assunto em particular”, completa.
A médica informa que é possível tirar dúvidas através da página no Facebook “Conversaria sem tabu”, além do WhatsApp (11) 99130-3310.
Outro assunto abordado pela doutora, foi a vergonha que os jovens possuem ao adquirir alguma doença. Quando perguntado sobre a timidez ao dialogar com familiares, parceiros e médicos, ela afirma que a sexualidade é tratada como algo muito íntimo, o que inibe a procura por ajuda médica. “Temos que começar a perceber que sexo e sexualidade são coisas naturais e a infecção sexualmente transmissível é um acidente que acontece no percurso e pode ocorrer com qualquer pessoa. É preciso ter a noção de que sexo não tem nada a ver com moral, de ter feito uma escolha certa ou errada, mas que simplesmente acontece”, diz.
Públicos
A doutora debateu também sobre os mitos que ainda existem em relação a infecções por heterossexuais e afirma que o público homossexual é muito mais ligado na prevenção. “A prevenção é para todos. O público homossexual se interessa mais que o público heterossexual. O problema é que só porque algumas doenças aparecem mais na população homossexual, a comunidade heterossexual acha que está livre, mas não está. O HIV pode ter uma turbulência maior na população homossexual, mas as outras doenças acontecem com todo mundo. As pessoas acreditam que a DST é coisa de quem não se cuida. Dizem que transam só com pessoas limpinhas. Banho e DST não tem nada a ver uma coisa com a outra”, afirma.
Ela ainda comenta sobre o preconceito que existe na sociedade quando o assunto é diversidade sexual, na qual afirma que a sociedade possui dificuldades para tratar de assuntos diferentes do que acreditam. “A sociedade é muito preconceituosa e falso moralista também. Ela costuma esconder tudo o que ela acha que ‘sai do quadradinho’. A menina tem que ser direitinha, comportada e feminina. Se sai do que a sociedade espera, já vira um assunto complicado para discutir. A sexualidade já é um assunto difícil de se debater. Nós temos muitas mulheres heterossexuais, por exemplo, que possuem dificuldade de sentir prazer e ninguém discute sobre isso”, conclui.
Lugar de mulher… é onde ela quiser!
Celebrando a questão de gênero, houve também a apresentação do projeto “Tombei” realizado pelas ex-alunas Talita Rodrigues (21) e Liliane Labella (22). A revista produzida inicialmente como um trabalho acadêmico, virou projeto de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e aborda a questão do empoderamento e do feminismo – que de acordo com as realizadoras “é muito mais simples do que parece ser. Está no dia a dia das mulheres”.
Questionadas sobre o tema, elas afirmam que o assunto precisa estar presente na vida da mulher e seu conceito precisa ser modificado. “Nós precisamos conhecer o feminismo para poder conhecermos a nós mesmas e saber o que temos direito”, comenta Liliane. “As pessoas ainda encaram o feminismo com muito preconceito e não é bem assim. A partir do momento que a mulher começar a ver que o feminismo não é você estar militante na linha de frente de algum movimento, mas ter o direito de trabalhar e poder denunciar o seu parceiro, o tema será mais bem aceito”, completa Talita.
Talita e Liliane também acreditam que algumas revistas mudaram sua linha editorial em função das novas demandas e dizem que o tema precisa parar de ser apenas uma necessidade mercadológica. “O feminismo é um assunto que está vendendo, então as revistas irão investir nisso. Se daqui a 5 anos o feminismo não retornar lucro, eles irão voltar ao nicho de beleza e ditar uma regra. As revistas mudaram sim, não por alguma consciência da sociedade, mas por consequência do capitalismo”, afirma Talita. “O que nós queríamos é que as revistas entendessem que as mulheres estão mudando e a abordagem precisa mudar junto, apresentando novos conteúdos”, finaliza Liliane.
[1] Aluna do terceiro semestre de Jornalismo e estagiária da Agência Integrada de Comunicação (AICom).
[2] Professora do curso de Jornalismo. Atua na Agência Integrada de Comunicação. Atua na AICom.
[3] https://aicomfiam.net