12ª Semana da Comunicação da FMU-FIAM-FAAM: O ponto em que a exaltação se torna apropriação cultural

Para Michelle Santos, do Estação Livre, da TV Cultura, roubo de identidade étnica deve ser mais discutido entre negros e não-negros

Giullia Hartvite*

“A diversidade deve ser naturalizada, não estigmatizada”. Foi assim que a pauteira do programa Estação Livre, da TV Cultura, Michelle Santos, iniciou sua palestra durante a 12ª Semana da Comunicação da FMU-FIAM FAAM, na última semana de outubro.

“Na verdade, a diversidade acaba ficando de lado”, continuou ela, expressando a preocupação dos grandes meios de comunicação brasileiros com o público alvo e a necessidade de atingi-los.

Ao questionar a fonte da procura por mudanças sociais, Santos cita Glória Maria como uma das poucas comunicadoras televisivas negras do passado, comparando-a com a atual apresentadora do Fantástico, da TV Globo, Maju Coutinho.

Na percepção dela, esses avanços são consequências de lutas dos mais velhos. Em outras palavras, isso é resultado de esforços passados do Movimento Negro. “Toda essa movimentação é de quem está há muito tempo correndo e mostrando a militância principalmente das pessoas negras, é que agora tem um despertar”, afirmou a pauteira.  

Ela trouxe ainda o debate da luta coletiva, explicando que grupos sociais como negros e indígenas não são únicos, ainda que sejam representados por uma única pessoa em propagandas de televisão ou mesmo nas produções da mídia. “Onde estão essas pessoas?”, perguntou Michelle.

Por fim, a profissional exemplificou um roubo de identidade étnica: as tranças no cabelo, trazendo perguntas sobre isso. “Acho que vale pesquisar o que é roubo ou o que não é, principalmente nessa questão do cabelo. Qual o lugar que você faz e o porquê que você faz, pois cada um compartilha disso com a sua vivência”.

“Eu jamais vou chegar a uma pessoa não-negra e dizer a ela que não pode fazer trança, pois não sei qual a ideia da pessoa branca, não sei se é uma questão puramente estética, pode ser um trauma de infância, não sei da vivência dela”. 

*Aluna do curso de Jornalismo FMU/FIAM-FAAM sob a supervisão de Maria Lúcia e Wiliam Pianco, professores do curso de Jornalismo da FMU/FIAM-FAAM.