Semana da Consciência Negra: roda de conversa discute sobre moda e empreendedorismo
Mariana Martin Siqueira*
Na noite da última terça-feira (23), o Centro Universitário FMU-FIAM FAAM, promoveu mais uma palestra especial da Semana da Consciência Negra e, desta vez, o tema para a roda de conversa foi: “Moda e empreendedorismo para novos estilistas e criativos”. No debate, as designers e pesquisadoras Cynthia Mariah e Milena Nascimento puderam contar um pouco mais sobre suas contribuições na construção de uma moda plural e as dificuldades que encontram até hoje na hora de empreender.
O debate, que durou cerca de uma hora, foi mediado pelos professores Sergio Kooji Kamimura e Bethania Zago, e também pela graduanda de Moda do 6º semestre e técnica em Modelagem do Vestuário pela Etec Tiquatira, Taya Nicacio. Além disso, contou com a presença de alunos de outros cursos da universidade.
Logo de início, as convidadas utilizaram o espaço para se apresentarem e contarem brevemente sobre suas experiências profissionais. Cynthia Mariah é graduada em Design de Moda, estilista, pesquisadora, idealizadora do Ateliê Cynthia Mariah e também fundadora do Núcleo de Pesquisas em Modas Africanas e Afro-diaspóricas. Já Milena Nascimento, é costureira, designer e fundadora da marca de moda marginal e laboratório criativo MILE LAB.
Cynthia disse que começou a empreender com 17 anos, principalmente, por necessidade financeira, mas que sempre quis explorar o contexto histórico da cultura afro dentro do Brasil em suas ações. A designer acrescenta que a moda não coloca as mulheres pretas como protagonistas e que ainda há um apagamento familiar e histórico muito grande.
Já Milena falou um pouco sobre sua marca que promove uma moda marginal e ativista, ou seja, que visa buscar o pertencimento do corpo periférico no mundo. Moradora do Grajaú, ela aprendeu a costurar com suas avós e esse ano teve a oportunidade de ser uma das oito marcas eleitas pelo projeto Sankofa para participar do SPFW durante três edições.
Ela ainda ressaltou sobre a importância da educação e a dificuldade em saber que o mercado na maioria das vezes não é pensado para as pessoas pretas e que vieram da periferia. “Nosso objetivo principal é trazer para dentro da quebrada, enquanto espaço de moda, abordando a própria identidade periférica como fundamento de estudo”, acrescenta.
Por fim, Milena e Cynthia contaram também sobre o duplo desafio que possuem, pois além de ser muito difícil ser um pequeno produtor no Brasil, ainda precisam encarar as barreiras raciais existentes. Ambas, deixaram claro a falta de representatividade dentro do ambiente acadêmico e a importância de falar mais sobre a história da moda de seus ancestrais.
* Aluna do 4º semestre do curso de Jornalismo.